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Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)
Vai pelo cais fora um bulício
de chegada próxima,
Vai pelo cais fora um
bulício de chegada próxima,
Começam chegando
os primitivos da espera,
Já ao longe o
paquete de África se avoluma e esclarece.
Vim aqui para não
esperar ninguém,
Para ver os outros esperar,
Para ser os outros todos
a esperar,
Para ser a esperança
de todos os outros.
Trago um grande cansaço
de ser tanta coisa.
Chegam os retardatários
do princípio,
E de repente impaciento-me
de esperar, de existir, de ser.
Vou-me embora brusco
e notável ao porteiro que me fita muito mas
ràpidamente.
Regresso à cidade
como à liberdade.
Vale a pena sentir para
ao menos deixar de sentir. |
Vão
breves passando,
Poesias Inéditas
Vão
vagos pela estrada,
Cancioneiro
Vê-la
faz pena de 'sperança,
Poesias Inéditas
Velo,
na noite em mim, Poesias Inéditas
Vem
do fundo do campo, da hora, Poesias Inéditas
Vem
dos lados da montanha,
Poesias Inéditas
Vem,
Noite, antiquíssima e idêntica, Álvaro
de Campos
Vem
sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio, Ricardo
Reis
Vendaval,-
Poesias Inéditas
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