Fernando Pessoa - poemas
www.mDaedalus.com
poemas
de
Pessoa
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
Álvaro de Campos

Na Casa Defronte

    Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
    Que felicidade há sempre!

    Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
    São felizes, porque não sou eu.

    As crianças, que brincam às sacadas altas,
    Vivem entre vasos de flores,
    Sem dúvida, eternamente.

    As vozes, que sobem do interior do doméstico,
    Cantam sempre, sem dúvida.
    Sim, devem cantar.

    Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
    Assim tem que ser onde tudo se ajusta -
    O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

    Que grande felicidade não ser eu!

    Mas os outros não sentirão assim também?
    Quais outros?  Não há outros.
    O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada, 
    Ou, quando se abre,
    É para as crianças brincarem na varanda de grades, 
    Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram. 
    Os outros nunca sentem.

    Quem sente somos nós,
    Sim, todos nós,
    Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

    Nada!  Não sei...
    Um nada que dói  ...


  • Nada fica de nada. Nada somos, Ricardo Reis
  • Nada me prende a nada, Álvaro de Campos
  • Nada. Passaram nuvens e eu fiquei, Poesias Inéditas 
  • Nada que sou me interessa, Poesias Inéditas 
  • Nada sou, nada posso, nada sigo., Cancioneiro
  • Na floresta do Alheamento, Na Floresta do Alheamento
  • Na margem verde da estrada, Poesias Inéditas 
  • Na noite escreve um seu Cantar de Amigo, Mensagem - Brasão
  • Google
     
    Web mdaedalus.com
    página de Pessoa
    página principal
    com o apoio de:
    www.travel-images.com
    Fernando Pessoa - poemas
    www.mDaedalus.com