uma vida vulgar
Um cinzento Sabat numa vida vulgar.
A chuva martela gentilmente a relva.
Uma sirene da polícia apaga-se na distância.
Livros abertos jazem abandonados no soalho.
O jovem engole mais um par de comprimidos
Apenas outro ritual executado em vão.
Tentou sentir ciúme, tento sentir raiva.
Já não confia. Já não
acredita.
Traz lágrimas por verter, que jamais secarão,
Usa a contemplação para ocultar a ociosidade,
Desejando jamais ter escrito cartas de amor,
Recordando a montanha-russa emocional,
Saboreando a perfeita embriaguez da insónia,
Perseguido por uma orgulhosa fé no futuro.
Um passado capturado em fotos de encontros insanos.
Momentos fugidios de felicidade para um coração
aprisionado.
A solidão dos aeroportos preenche as suas memórias.
Em cada página do seu passaporte um poema para
ela.
Silenciosa e fria personificação de Nemesia,
Tudo o que ela lhe concedeu foi tristeza.
As feridas de uma alma violada estão ainda
frescas.
Mas amor é o que permanece na sua ausência.
M.Daedalus |