Fernando Pessoa - poemas
www.mDaedalus.com
poemas
de
Pessoa
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V

Alberto Caeiro
 
Primeiro Prenúncio
 
Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã.
As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço, 
Da trovoada de depois de amanhã?
Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.
Ter certeza é não estar vendo.
Depois de amanhã não há.
O que há é isto:
Um céu de azul, um pouco baço, umas nuvens brancas no horizonte,
Com um retoque de sujo embaixo como se viesse negro depois.
Isto é o que hoje é,
E, como hoje por enquanto é tudo, isto é tudo.
Quem sabe se eu estarei morto depois de amanhã?
Se eu estiver morto depois de amanhã, a trovoada de depois de amanhã
Será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido.  
Bem sei que a trovoada não cai da minha vista,
Mas se eu não estiver no mundo.
O mundo será diferente -
Haverá eu a menos -
E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada.
 
 
 


 
 


Google
 
Webmdaedalus.com
página de Pessoa
página principal
com o apoio de:
www.travel-images.com
Fernando Pessoa - poemas
www.mDaedalus.com