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Fernando Pessoa
Poesias Inéditas

 Bem, hoje que estou só e posso ver


 
Bem, hoje que estou só e posso ver
      Com o poder de ver do coração
Quanto não sou, quanto não posso ser,
      Quanto se o for, serei em vão,

Hoje, vou confessar, quero sentir-me
      Definitivamente ser ninguém,
E de mim mesmo, altivo, demitir-me
      Por não ter procedido bem.

Falhei a tudo, mas sem galhardias,
     Nada fui, nada ousei e nada fiz,
Nem colhi nas urtigas dos meus dias
     A flor de parecer feliz.

Mas fica sempre, porque o pobre é rico
     Em qualquer cousa, se procurar bem, 
A grande indiferença com que fico.
     Escrevo-o para o lembrar bem.


  • Bendito seja o mesmo sol ,Alberto Caeiro 
  • Bicarbonato de Soda, Álvaro de Campos
  • Bocas roxas de vinho, Ricardo Reis
  • Bóiam farrapos de sombra, Poesias Coligadas
  • Bóiam leves, desatentos, Cancioneiro 

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